O turismo de vacina – ou seja, viajar para o exterior com o objetivo de ser imunizado contra a Covid-19 – como esperado tem se tornado uma tendência. Os especialistas já alertavam sobre o tema, principalmente com o surgimento de países oferecendo doses da vacina aos turistas. No entanto, a medida pode não ser tão simples, Além de envolver viagens durante o período de pandemia,e outros impasses que precisam ser discutidos.
Confira abaixo quais países estão vacinando turistas contra a Covid-19, quais são as vacinas disponíveis, viabilidade dos pacotes de viagem com destino para lugares que disponibilizam a vacina.
Países que aceitam vacinar turistas
Cuba
Cuba foi o primeiro país a oferecer a vacina contra Covid-19 para turistas estrangeiros. Chamada de “Soberana 2”, a vacina estará disponível não apenas para cidadãos cubanos, mas a todos os turistas que visitarem a ilha e desejarem ser imunizados, porém ainda sem uma data exata. As informações são de Vicente Vérez, diretor do centro de pesquisa médica do Instituto Finlay de Havana, onde são realizadas pesquisas para combater o vírus no país.
Cuba espera ter 100 milhões de doses da vacina ainda em 2021, sendo que a meta é vacinar a população cubana inteira de mais de 11 milhões de pessoas esse ano – e ainda exportar o imunizante a outros países como Vietnã, Irã, Venezuela e Índia.
Emirados Árabes Unidos
Nos Emirados Árabes Unidos, a imunização é tratada como uma oportunidade de negócios, embora o governo local não confirme oficialmente a iniciativa. De acordo com uma reportagem recente, o Knightsbridge Circle, um clube da elite de Londres, tem oferecido a seus clientes a possibilidade de viajar até Dubai para receber a vacina produzida pela empresa chinesa Sinopharm. De acordo com um porta-voz do clube, o objetivo é incentivar o turismo no país.
Em nota, o Turismo de Dubai informa que apenas residentes com documento de identidade dos Emirados Árabes Unidos podem tomar a vacina contra a Covid-19 nos postos espalhados pelo país. Apesar disso, há relatos de brasileiros de férias em Dubai que conseguiram se vacinar no emirado.
Estados Unidos
O turismo de vacina já é uma realidade nos Estados Unidos, onde a vacinação é organizada sob a responsabilidade de cada estado. Na Flórida, a regra é oferecer vacina apenas para quem viva ou trabalhe por lá, porém na prática não está sendo exigido o comprovante de residência, o que tem feito com que muitos estrangeiros conseguissem se vacinar até mesmo nas praias de Miami.
A Califórnia, o estado mais populoso do país, não exige comprovante de residência para adultos com mais de 65 anos. “A distribuição da vacina é baseada na elegibilidade, independentemente da residência ou status de imigração,” declara o Departamento de Saúde da Califórnia.
Assim acontece também em Nova York, que na semana passada anunciou um plano para vacinar turistas nas principais atrações da cidade. O prefeito criou centros de vacinação móvel em vans que ficam estacionados em pontos turísticos como o Empire State Building, Times Square, Brooklyn Bridge, Central Park e High Line, entre outros.
A vacina utilizada seria a da Janssen, que é administrada em apenas uma dose. Assim os turistas não precisariam ficar um longo período na cidade para ficarem imunizados. E agora foram divulgados incentivos para quem se imunizar em Nova York, que incluem ingressos para atrações, jogos de beisebol, museus e muito mais!
No estado do Alasca também há permissões de vacinação para estrangeiros. Após vacinar a população local, o governo agora anunciou que todos os visitantes que quiserem ser vacinados contra a Covid poderão fazer logo na chegada ao estado. As vacinas estarão disponíveis nos aeroportos de Anchorage, Fairbanks, Juneau e Ketchikan a partir de 1 de junho.
Há relatos de turistas do estado de Louisana que vão para o Mississipi em busca de vacinas. Em Aspen, no Colorado, um grupo de 20 brasileiros alugou uma casa para permanecer na cidade até tomar as duas doses. Apesar do descontentamento dos cidadãos locais, as autoridades de Colorado dizem que não é necessário um endereço para tomar a vacina, mas que os condados têm o direito de priorizar os residentes em tempo integral.
Infelizmente isso não muda nada a situação dos brasileiros, que seguem impedidos de viajar para os Estados Unidos sem fazer quarentena de 14 dias em um segundo país como Panamá ou México antes de chegar.
Ilhas Maldivas
As paradisíacas Ilhas Maldivas também estão estudando oferecer vacina aos viajantes que desembarcarem por lá. A iniciativa faz parte do plano chamado 3V: “visit, vaccinate and vacation” (visitar, vacinar e passar as férias), uma maneira de impulsionar a economia do arquipélago, que depende em grande parte do turismo.
De acordo com o ministro do Turismo, Abdulla Mausoom, ainda não há um cronograma para o início da vacinação em turistas. Segundo ele, a prioridade neste momento é garantir a primeira e a segunda dose contra a Covid-19 para todos os residentes do arquipélago. Após isso, a vacina deve ser liberada para os turistas estrangeiros.
Israel
Para se vacinar em Israel, é preciso seguir algumas regras. A entrada de turistas foi suspensa durante a pandemia e só será liberada em 23 de maio. O país está avançado no processo de vacinação, liberando as doses para pessoas com mais de 16 anos – sendo que quase 60% da população já receberam as duas doses da Pfizer, a vacina usada no país. A exigência para receber a vacina é ter um seguro de saúde. Quem não tem deve comprovar que está há mais de 6 meses em Israel.
Até mesmo os israelenses tiveram dificuldades para entrar no país, já que o governo só estava liberando a autorização de entrada para um número limitado de cidadãos. Apenas no início de março o acesso foi liberado a todos com cidadania israelense.
Panamá
Discretamente, o Panamá já deu sinais de que seu programa de vacinação não discrimina turistas. Em entrevista a um jornal panamenho, o diretor metropolitano de saúde, Israel Cedeño, afirmou: “O Panamá nunca fez discriminação em termos de vacinação, o estrangeiro pode estar fazendo turismo, e caso esteja no período indicado, poderá ser vacinado”.
Romênia
O Castelo de Bran na Transilvânia, mais conhecido como o castelo do Drácula, está promovendo uma campanha de vacinação gratuita para seus visitantes. A campanha foi anunciada em um post na página do Facebook.
De acordo com a postagem, a maratona de vacinação ocorrerá durante todo o mês de maio e estará aberta aos fins de semana sem necessidade de marcação. As vacinas oferecidas são doses da Pfizer BioNTech e quem for vacinado vai receber um certificado “Vacinado no Castelo Bran” além de ter acesso gratuito à exposição do museu do castelo.
Rússia
Ao contrário do restante da Europa, na Rússia a vacinação contra a Covid-19 não está restrita apenas ao grupo prioritário. Qualquer pessoa pode receber uma dose gratuita – incluindo estrangeiros. Os interessados precisam apenas apresentar um documento de identificação, como o passaporte.
A vacinação em massa na Rússia com a “Sputnik V” começou em dezembro de 2020, com uma lista de prioridades pequena, que incluía profissionais de saúde e professores. Desde 18 de janeiro, Moscou passou a disponibilizar a vacina gratuitamente para todos que procurarem os postos, sejam cidadãos ou estrangeiros. Apesar disso, o governo russo tem evitado incentivar esse tipo de procedimento até o momento e afirmou não ter a intenção de usar a vacina para incentivar o turismo.
Viajar ao exterior para se vacinar vale a pena?
Viajar para o exterior em busca de imunização contra a Covid-19 é uma decisão estritamente pessoal. Embora o turismo de vacina já seja uma realidade — inclusive com o apoio de governos destes destinos - mas é importante resaltar que ainda existem muitas incertezas, pois não sabemos quais vacinas terão [disponibilizadas], qual o tempo de viagem, quanto tempo a pessoa precisa ficar no país para fazer o esquema de duas doses [que deve ser necessário, dependendo do imunizante aprovado.
Para os brasileiros residentes no exterior, não há dúvidas de que participar das campanhas de vacinação em andamento no país onde vivem seja benéfico. No entanto, sair do Brasil para se vacinar no exterior deve ser uma decisão bem planejada. Há questões legais que devem ser observadas, bem como os custos envolvidos e o cuidado com golpes. Nenhum pacote de viagem pode garantir a imunização de um estrangeiro.
É aconselhado a quem estiver disposto a sair do Brasil para se vacinar, a confiar nas vacinas que temos por aqui, pois qualquer uma que receber autorização da Anvisa será segura. Vale lembrar que não é possível tomar mais de uma vacina contra a Covid-19, pois há o risco de eventos adversos graves, já que nenhum imunizante passou por testes para verificar como seria sua interação com os outros. Desta forma, caso já tenha tomado a vacina aqui no Brasil não é seguro tomar outra no exterior, assim como, se tomar no exterior não tomar outra aqui no Brasil.
E como será o Turismo no mundo pós-vacina?
Em um futuro próximo, passaportes de imunidade e comprovantes de vacinação poderão ser exigidos dos viajantes. Mas a dúvida é: haverá uma padronização de quais vacinas foram tomadas, número de doses, fabricante e lote? Recentemente o Seychelles foi o primeiro país do mundo a abrir as portas para turistas vacinados, desde que tivessem tomado duas doses de qualquer imunizante aprovado contra a doença.
Já a Islândia também passou a permitir a entrada de turistas vacinados, mas só aqueles que tivessem tomado duas doses das vacinas produzidas pela Pfizer-BioNTech ou Moderna.
A questão é que nesse momento tudo está ainda no inicio de projetos para essa nova era de pós pandemia e de população mundial vacinada. Então vamos aguardar os novos passos e se manter informado para que possamos nos planejar de forma correta para voltar a embarcar ao destinos que desejamos pelo mundo com segurança.
E você, o que acha do turismo de vacina? Deixe seu comentário!
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